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Pode existir uma não-existência das IA?

  • hiagocordioli
  • 10 de jun. de 2023
  • 3 min de leitura

Nos últimos anos, vimos uma explosão de conteúdos gerados por inteligências artificiais tomar as redes sociais e sites de notícias. Desde ao polêmico aplicativos de imagens Lensa, passando pela popularização do ChatGPT até a mais recente notícia de que o Papa estaria utilizando uma jaqueta da moda.

O crescente uso das IA e sua presença cada vez mais constante em nossas vidas nos traz tanto uma sensação agridoce de que o futuro chegou, gerando uma ansiedade curiosa e otimista das infinitas possibilidades que essas ferramentas podem abrir para a nossa evolução como sociedade, quanto um sentimento de desconfiança e temor sobre rumos que essa evolução pode tomar, até onde as IA poderão atuar, e inclusive nos substituir.

Talvez, movidos pela rapidez com que a IA está se espalhando em nosso meio, disseminada especialmente pelos conteúdos gerados por esse tipo de ferramenta, o historiador israelense Yuval Noah Harari, juntamente com os ativistas digitais Tristan Harris e Aza Raskin, e tecnólogos como Elon Musk e o co-fundador da Apple, Steve Wozniak, lançaram seus manifestos pedindo reflexões sobre a IA e limites para sua utilização. Como brilhantemente analisou Pedro Doria na coluna de 31/03/2023:

A história do avanço da humanidade é uma de constante busca pelo novo, pela criação do que antes parecia impossível. Toda filosofia que sustenta nossas democracias modernas é uma voltada para que o conhecimento possa avançar com liberdade. Aqueles que passamos a considerar nossos direitos mais sagrados são, todos, voltados à procura de criar algo original. São as liberdades de expressão e pensamento, de que podemos nos reunir com quem quisermos mesmo que em espaço público. É por isso que tem de surpreender quando tecnólogos e pensadores liberais pedem uma pausa no avanço. (Estadão).

Porém, relembro as diversas vezes em que uma tecnologia revolucionária foi "descoberta" ou "inventada", começando com a agricultura e a roda, passando pela dinamite e a bomba atômica até a Internet: não há mais volta. Quiçá, não há pausas. O fogo da invenção e da criação, uma vez iniciada sua ignição, espalha-se como um incontrolável incêndio devastador. Atinge proporções, espaço e tempo ilimitados. É o que temos de mais belo e perigoso: nossa ânsia de tirar uma inquietação do espírito e da mente e transformá-la em material vivo e funcional, seja para utilidade laborativa, como no caso das invenções industriais, ou somente para contemplação estética, como são as artes.

A IA, como tecnologia, foi concebida, ou seja, passou a existir para mudar tudo em ambas as aplicações: tem sua utilidade para tornar nosso trabalho mais fácil mas também pode gerar verdadeiras obras de arte. E é daí que vem o pedido de "socorro" dos filósofos e tecnólogos: pedem freio para que, antes que seja "tarde", possamos impor limites a esse fogo que já começou a se alastrar.


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Em 1966, os professores protestavam contra o uso de calculadoras. Via Reddit.


A calculadora, como na foto que ilustra esse artigo, foi antes criticada por professores de matemática por ser uma ameaça ao aprendizado dos estudantes. Porém, hoje, vemos que tornou-se um elemento essencial para os profissionais que trabalham com cálculos, pela rapidez e efetividade que proporcionam em suas atividades. Repito: não há retorno para um tempo em que não haviam calculadoras.

É claro, a comparação é totalmente desproporcional. A calculadora limita-se por si só, enquanto a IA parece quebrar todos os limites conhecidos pelo homem. Como um incêndio incontrolável, consome e transforma tudo o que vê pela frente.

Creio que estamos rumando para um futuro onde haverá uma regulação para conter o uso das IAs e tentar impedir violações a direitos e até mesmo nossa substituição como "espécie" dominante neste planeta. Porém, resta o questionamento: uma vez nascida, é possível lançar a IA de volta a uma condição de "não-existência"?

 
 
 

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